Cerca de 10% das famílias atendidas até fevereiro pelo programa Bolsa Família deverão perder o direito aos pagamentos no Rio Grande do Sul em razão de revisões nos critérios da iniciativa e atualizações de cadastro a partir deste mês.
Dados do governo federal apontam que 66.205 beneficiados terão o auxílio cortado por não se enquadrarem nas regras — que privilegiam famílias em situação de maior pobreza. Ao mesmo tempo, outras 30.447 famílias gaúchas que estavam à espera de vaga vão passar a receber os valores.
Informado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o número de cortes a serem feitos no Estado corresponde a 10,5% dos 633.043 mil benefícios repassados até o mês de fevereiro. O valor transferido no mês passado ficou um pouco acima de R$ 382 milhões. A assessoria de comunicação da pasta informou que a folha de março ainda está sendo calculada.
Secretário de Assistência Social do Rio Grande do Sul, Beto Fantinel avalia como positivas as alterações promovidas pelo governo federal no Bolsa Família, que voltou a adotar critérios ignorados na gestão anterior do Planalto, como exigência de frequência escolar de crianças e adolescentes e acompanhamento de saúde, e a revisão no cadastro para eliminar quem se encontrava em situação irregular.
Conforme o secretário, um dos pontos a serem corrigidos nesta primeira etapa de ajustes é o pagamento do benefício para quem diz viver sozinho, sob a classificação de “família unipessoal”, mas na verdade divide a casa com pelo menos mais uma pessoa — muitas vezes, também habilitada a receber o recurso de forma duplicada.
— No Rio Grande do Sul, em apenas dois anos, vimos o número de famílias declaradas como unipessoais aumentar de 101 mil para 164 mil. Isso ocorreu porque o programa (batizado de Auxílio Brasil no governo de Jair Bolsonaro) deixou de fiscalizar o cadastro — observa Fantinel.
Em todo o país, nesse primeiro momento, deve ser interrompido o pagamento de cerca de 1,5 milhão de benefícios em razão do pente-fino nas inscrições. Nos próximos meses, outros 5 milhões de cadastros deverão ser revisados pelo governo federal em todos os Estados, e estimativas indicam que o número final de cancelamentos pode chegar a 2,5 milhões — não foi informada pelo ministério a expectativa para o Rio Grande do Sul.
RD-Foco